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30 de ago. de 2010

Múltipla escolha avalia desempenho escolar?


As provas de múltipla escolha deveriam ser usadas apenas para concorrência a vagas de emprego público e a de carreira universitária. A vantagem serve tanto para os organizadores quanto para os que concorrem às vagas: no primeiro, pela facilidade e rapidez nas correções; no segundo, ajuda os candidatos a recordar os assuntos vistos durante toda a vida escolar, já que não há trabalho de redigir a resposta, bastando optar uma entre as 5 opções, de um modo geral.

Entretanto, na avaliação de desempenho escolar, o modelo de múltipla escolha não é adequado porque não ensina o aluno a interpretar suficientemente, e também não pode ser usado como ferramenta de punição aos estabelecimentos de ensino, e sim servir para mudanças nos planejamentos de ensino.

Sou leitor adepto de um jornal de grande circulação e venda e no mês de julho de 2010 foi divulgada uma matéria sobre a utilização do Enem como indicador de desempenho escolar. Segundo o jornal, as escolas estaduais foram as piores e consideradas as de ensino de péssima qualidade. Embora as federais tiveram os melhores resultados, quatro delas foram reprovadas em 2009 com resultados abaixo da média.

Já algumas escolares particulares predominaram absoluto no sucesso do exame. Aquelas de grande nome foram as mais contempladas. No ranking nacional, apenas 887 escolas particulares, segundo o jornal, ficaram entre as melhores.

Não sei a opinião dos entendedores de educação, mas 887 é um valor muito pequeno em relação ao total de escolas particulares brasileiras.

Eu suponho que essas 887 fazem um trabalho bem diferenciado e estimulam os alunos a fazer perguntas e os capacitam através de simulados para que eles obtenham bom desempenho em vários exames de concursos, como o próprio Enem.

Só para lembrar, o Enem substitui ou complementa vestibulares em dezenas de universidades federais. O exame também seleciona bolsistas do ProUni (Programa Universidade para Todos), dá certificado de conclusão do ensino médio a quem não cursou a rede regular de ensino e orienta pais e responsáveis sobre o nível de aprendizagem na instituição onde o filho estuda. Diante dessas funções que o Enem proporciona, para mim já são suficientes e não há necessidade de ser usada para medir grau de aprendizagem escolar, já que as questões são de múltipla escolha.

Infelizmente, são poucas as escolas - públicas e particulares - que conseguem fazer algo para conquistar o interesse dos alunos. Muitos professores não têm interesse em preparar simulados por conta própria para ensiná-los a enfrentar a complexidade dos enunciados. Por isso as escolas não recebem boas pontuações.

Se os candidatos à vaga em uma universidade reclamam que as questões de vestibulares não correspondem àquelas típicas das provas bimestrais nas escolas, é porque o currículo escolar está inadequado à realidade dos alunos.

As questões discursivas deveriam também fazer parte da avaliação porque muitos estudantes, não só de escolas públicas, mas também de particulares, apresentam erros ortográficos de proporções catastróficas, "graças" à invasão do internetês nas redações e em redes sociais. Portanto, nem sempre o aluno que obteve excelente nota nas provas de múltipla escolha terá o mesmo êxito nos modelos discursivos.

Nas minhas aulas de Biologia na escola pública, incentivo muito as turmas a trabalhar com questões complexas (de múltipla escolha e discursiva) para que tenham noção dos estilos aplicados nos concursos. Para as avaliações bimestrais, adoto somente a prova escrita porque o meu objetivo é habituar as turmas a escrever constantemente, quer gostem ou não, porque a múltipla escolha não avalia aluno. Falta neles o hábito de ler e escrever. A leitura e a escrita (de preferência correta, sem chance para o internetês) ajudam a interpretar questões de qualquer disciplina.

Já dei aulas de reforço para alunos de escolas particulares e, acreditem, apenas a minoria sabia empregar corretamente as palavras em questões discursivas e redações, com base nos conhecimentos de gramática da língua portuguesa.

Sempre digo aos meus alunos que não se deve estudar apenas para fazer uma prova. É simplesmente aprender por aprender, de levar o conhecimento para a vida toda. Não obrigo eles a gostar de Botânica ou de saber que existem inúmeras espécies de gafanhotos, mas é bom ter base a respeito dos sintomas de algumas doenças como os da gripe suína e os da dengue, por se instalarem frequentemente em jornais e noticiários televisivos.

Se todos (ou quase todos) pensarem assim, as chances de acerto serão bem maiores e nunca esquecerão o que foi assimilado. É melhor estar preparado, mesmo que as oportunidades ainda não cheguem, do que ter oportunidade e não estar preparado.

Os poderosos precisam criar alguma ferramenta mais apropriada para avaliar as condições de cada escola e não enxergam que existem 4 tipos de alunos, em função da dedicação pelos estudos: o ótimo, o bom, o regular e o pior.

Muitos do tipo pior estudam nas melhores escolas particulares só porque os pais podem bancar os estudos deles. Na outra extremidade da corda, existem excelentes alunos em escolas públicas e só precisam de oportunidades para que um dom se desenvolva, pois cada um deles possui habilidades diferentes. Logo, é o aluno que faz a escola.

Prova de múltipla escolha não avalia capacidade intelectual e nem pode ser usada como indicador ou critério para medir índices de alfabetização e dificuldade em interpretação de textos e questões.

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